A economia digital representa 5% a 9% do PIB dos países desenvolvidos e é hoje um claro motor da actividade económica, indica um estudo da consultora The Boston Consulting Group (BCG).
O relatório da BCG, encomendado pela ICANN – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers, organismo internacional responsável pela definição de políticas Internet e por garantir que os endereços electrónicos atribuídos são únicos, revela que nos países em desenvolvimento a economia Internet está a crescer a ritmos entre 15% e 25% ao ano.
O BCG prevê que as economias Internet dos países do G20 (os países do G8, incluindo a Rússia, e 12 grandes economias emergentes, como a China, Índia, Brasil, Argentina, Coreia do Sul, África do Sul, Indonésia ou Turquia) representarão em 2016 cerca de 4,2 biliões (milhões de milhões) de dólares (3,1 biliões de euros).
Aquela consultora adianta que reduzir ou eliminar as fontes de constrangimentos digitais (e-friction no texto original do relatório) pode dinamizar a economia Internet a nível global.
O BCG, que elabora o «e-friction Index», salienta que os países do quintil mais elevado, com constrangimentos menores nos quatro componentes principais, têm um peso da economia digital em percentagem do PIB mais do que duplo do verificado para os países do quintil mais baixo, isto é, os 20% com maiores deficiências digitais.
A consultora salienta que o constrangimento mais importante se relaciona com as infra-estruturas de tecnologias da informação e comunicação (TIC), porque limita o acesso básico à actividade online.
Os outros três tipos de constrangimentos que dificultam que os consumidores, empresas e países aproveitem plenamente os benefícios da Internet são os relacionados com as indústrias digitais, tais como a falta de capital e mão-de-obra qualificada, que afectam o desenvolvimento do negócio digital, os constrangimentos individuais, que prejudicam o grau em que os cidadãos se envolvem em actividades online, e os relativos à informação digital, que inclui o volume de conteúdos em língua local, o empenhamento do país na abertura da Internet e a liberdade de acesso a conteúdos digitais.
A consultora afirma que os países com grandes constrangimentos digitais correm o risco de não beneficiar dos efeitos de crescimento e emprego relacionados com a economia digital, mas a correcção dessa situação tem potencial para acrescentar valor a essas economias.
Acrescenta que a maior parte dos constrangimentos digitais encontram-se ao nível nacional ou local e estão relacionados com as infra-estruturas de TIC, acesso ao digital e seu custo, normas de regulação ultrapassadas, educação ou formação digital inadequada das pessoas ou restrições governamentais a alguns tipos de conteúdos.
O Boston Consulting defende boas políticas digitais em áreas chave, nomeadamente o investimento em infra-estruturas, políticas que visam o desenvolvimento tecnológico e a inovação e a implementação da confiança relativamente ao uso de dados pessoais.
O BCG diz que muitas corporações não têm as competências necessárias nas TIC para tirar pleno partido do potencial do comércio electrónico e as pequenas e médias empresas que querem expandir-se online são confrontadas com desafios de segurança dos dados, que não se põem no mundo offline.
A consultora destaca que a integração e interacção dos participantes na Internet facilita a troca de ideias, informação e entretenimento, independentemente da localização, e facilita as trocas comerciais sem constrangimentos de distância e complexidade.
Adianta que a Internet introduziu a disrupção nos mercados e criou também mercados inteiramente novos, fazendo crescer a importância de questões relacionadas com a regulação, impostos, protecção dos consumidores, segurança e privacidade.