O futuro pode ser dispensar palavras passe

Publicado em 28/03/2012 01:46 em Destaques

O futuro poderá ser sentarmo-nos no computador, pormos o nome de utilizador e começar a trabalhar sem necessidade digitar qualquer palavra passe.

Um projecto de investigação da Agência «Defense Advanced Research Projects» (DARPA), do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, aposta no desenvolvimento de software que identifica a forma como se bate no teclado para confirmar se o utilizador corresponde ao nome que foi digitado no «login», segundo um artigo de Randall Stross, publicado no New York Times.

A DARPA está a desenvolver este projecto para uso dos militares mas a tecnologia deverá tender a ser futuramente utilizada no mundo civil, tal com o outras tecnologias desenvolvidas por aquela agência.

Richard Guidorizzi, um gestor do programa na DARPA, salienta que a palavra passe «6tFcVbNh^TfCvBN», encaixa na definição de password forte mas tem o problema de não corresponder aos requisitos humanos, porque os homens não estão programados para compreender e decorar ligações aleatórias de caracteres.

Observa que os humanos usam palavras passe com padrões que as tornam geríveis, que são geralmente ultrapassáveis com facilidade.

Para o técnico da DARPA, o ideal é um sistema em que o utilizador se sente frente ao computador, se identifique e comece logo a trabalhar, com a autenticação do utilizador a processar-se de forma automática e invisível, permitindo-lhe continuar a trabalhar sem interrupções após digitar o nome de utilizador.

Guidorizzi diz que isto é possível fazer sem utilização de métodos biométricos, como reconhecimento da impressão digital ou da iris, usando apenas as características comportamentais distintivas de digitar o teclado, a que chama impressão digital cognitiva.

Roy Maxion, professor de ciências computacionais da Universidade Carnegie Mellon, antecipa pesquisas sobre a dinâmica de teclar, que inclui o tempo que cada pessoa carrega em cada tecla, a pressão que exerce e o tempo que demora a passar de uma tecla para outra entre duas teclas específicas.

Estes dados são determinados por um controlo motor e não pensados deliberadamente e é altamente improvável que duas pessoas o façam da mesma forma, sublinha Maxion.

Charles Tappert, professor de ciências computacionais na Universidade de Pace, fez idênticos estudos a partir das respostas dadas pelos estudantes a testes online, em que registou as características da escrita no teclado e desenvolveu software que analisa as características da pressão nas teclas, que permitiu confirmar a identidade de quem estava do outro lado em 99,5% dos casos.

A grande questão a ultrapassar é que o estado emocional, a fadiga e outros factores podem influenciar a forma de teclar do utilizador, mas especialistas afirmam que o software poderá identificar o «core rhythm» da digitação das teclas, uma tese, contudo, ainda não confirmada experimentalmente.

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