A equipa da psicóloga Betsy Sparrow, assistente da Universidade de Columbia (Estados Unidos), concluiu que a possibilidade de busca de informação na Internet, nomeadamente por motores de busca como o Google, afecta o funcionamento da memória.
Num estudo, publicado online na Science Magazine, a equipa de Sparrow revela como investigou a forma como a Internet pode mudar a maneira como as pessoas lidam com a informação.
A cientista afirma que os resultados da investigação suportam a opinião de que as pessoas estão a usar crescentemente a Internet como um banco de memória pessoal, isto é, o chamado «efeito Google».
Destaca que o mais surpreendente não é o facto de as pessoas procurarem os dados mas a sua eficácia e capacidade para os encontrarem.
Sparrow explica que a situação lhe lembra o conceito de memória transaccional, proposto há 30 anos por Daniel Wegner, segundo o qual as pessoas dividem o esforço de memorização de certo tipo de informação partilhada. Por exemplo, num casal, um dos conjugues decora as datas mais significativas para o casal e o outro memoriza nomes e formas de contacto de familiares distantes, evitando a duplicação de memórias.
A Internet pode funcionar como um banco de memória que evita aos seus utilizadores decorar um conjunto de questões facilmente acessíveis na rede.
Sparrow fez experiências com estudantes universitários em que a uma parte era dito que a informação dada ia permanecer em memória e a outra parte era dito que seria apagada. As experiências revelam que aqueles que acreditavam que a informação seria apagada retinham-na muito mais na sua memória do que os primeiros e respondiam mais facilmente às questões.
Noutra experiência, quando dizia que as informações ficariam guardadas em determinadas pastas do computador, os estudantes tinham mais facilidade em responder à pergunta sobre em que pasta estava guardada determinada informação do que ao conteúdo da informação em si.
Roddy Roediger, psicólogo na Universidade Washington, em Saint Louis (Missouri), considera o estudo convincente e sustenta que não restam dúvidas de que as estratégias de aprendizagem estão a mudar.
«Porquê memorizar uma coisa que eu sei que posso voltar a ver. De alguma forma, com o Google e outros motores de busca eu posso transferir parte dos meus requisitos de memória para máquinas», observa Roediger.
No entanto, aquele professor da Universidade Washington salienta que este fenómeno é anterior à Internet e que, quando estudante, consultava livros e enciclopédias para escrever relatórios.
«Agora os estudantes podem fazer isso em casa utilizando computadores. É uma coisa má? Não penso que seja», observou.