Cerca de um milhão e meio de famílias portuguesas deverá transitar da televisão analógica para a televisão digital terrestre, processo que estará concluído em 26 de Abril de 2012, data em que cessa completamente o sinal analógico tradicional, segundo estimativas da ANACOM - Autoridade Nacional de Comunicações..
Em encontro com a imprensa realizado no Cacém, o administrador da ANACOM Eduardo Cardadeiro indicou que 60% a 65% das famílias portuguesas têm televisão por subscrição, de acordo com os dados que o regulador dispõe.
O responsável da ANACOM salientou que o fim da televisão analógica, que existe em Portugal desde o fim da década de 50, e a passagem para o sinal digital é um objectivo nacional e não é uma questão de opção, porque pela necessidade de libertar espectro radioeléctrico a Comissão Europeia decidiu que o sinal analógico teria de ser desligado até 2012.
A libertação das frequências do espectro radioeléctrico usadas pela televisão analógica irá, nomeadamente, libertar frequências nomeadamente para lançamento do LTE (Long Term Evolution), a tecnologia móvel de quarta geração.
Para Eduardo Cardadeiro, um factor crítico de sucesso desta transição do analógico para o digital é a informação a toda a população, nomeadamente de que os quatro canais de sinal aberto continuam a ser disponibilizados de forma gratuita, e destacou o papel essencial no esclarecimento desempenhado pelas juntas de freguesia, que são as entidades mais próximas das populações.
O presidente da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE), Armando Vieira, apontou o papel da ANAFRE no apoio às populaçõesexemplificando que teriam encerrado 730 postos de correio se as juntas de freguesia não assegurassem a sua gestão.
No caso da transição para a TDT, Armando Vieira aludiu ao papel que as juntas devem ter no esclarecimento das populações, incluindo no sentido de combater as tentativas de algumas pessoas de aproveitar esta situação para «retirar lucros ilícitos».
Eduardo Cardadeiro destacou que a escolha de três zonas piloto em que a transição se fará mais cedo tem por objectivo ensaiar e validar todo o processo e testar as formas de comunicar com as populações.
Em Alenquer o sinal analógico fecha a 12 de Maio, na zona do Cacém a 16 de Junho e na Nazaré a 13 de Outubro.
No resto do território, o sinal analógico será desligado na faixa litoral do território a 12 de Janeiro, nos Açores e Madeira a 22 de Março e a 26 de Abril no restante território.
Nas três zonas piloto estão a ser feitos inquéritos e na do Cacém concluiu-se que 85% dos inquiridos têm televisão paga e que dos restantes 15% só 8% não têm equipamentos preparados para receber a TDT, indicou Cardadeiro. A percentagem de famílias com televisão por subscrição é muito menor em Alenquer.
O tipo de população mais dependente do sinal analógico é a mais idosa e de menores recursos, sendo simultaneamente pessoas menos letradas, com menor acesso à informação e com maior número de horas diárias frente aos televisores.
Para esclarecer as populações, a ANACOM vai distribuir, inicialmente nas zonas piloto, depois em todas as caixas do correio do país, um pequeno «GUIA TDT» a explicar como funciona esta tecnologia.
Eduardo Cardadeiro assinalou que quem tiver televisões mais recentes poderá receber o sinal digital sem trocar o aparelho e sem necessidade de descodificador, quem tiver um aparelho mais antigo poderá optar por trocar de televisor ou comprar uma «box» descodificadora.
Garantiu que a «esmagadora maioria» das antenas utilizadas para o sinal analógico servirão para captar a televisão digital, embora cerca de metade das antenas possam precisar de ser reorientadas.
O administrador do regulador assinalou que as pessoas que não têm acesso ao sinal digital terrestre e terão de receber o sinal digital por satélite (DTH) não podem ser prejudicadas em relação às restantes e a ANACOM estabelece semestralmente um custo máximo para os respectivos equipamentos (fornecidos pela PT) igual ao preço médio das «boxes» TDT, que estão à venda no retalho.
O preço máximo, que será revisto semestralmente, é actualmente de 55 euros.
Eduardo Cardadeiro sublinhou que ao contrário do sinal analógico, em que por vezes a imagem chegava com deficiências, no digital ou se vê uma imagem nítida, ou simplesmente não haveria imagem.