A historia de um homem que trabalha numa plataforma petrolífera no Mar do Norte que fica a arder após uma explosão, obrigando o trabalhador, para não morrer queimado, a saltar de uma altura de 30 metros para o mar gelado, uma opção que nunca tomaria em condições normais, é a analogia encontrada por Stephen Elop para descrever a situação da Nokia.
O «Wall Street Journal» noticia hoje que Stephen Elop enviou uma carta aos trabalhadores da Nokia (que divulga na íntegra), em que «conta» que o homem sobreviveu e depois de resgatado compreendeu que a plataforma a arder provocou uma mudança radical no seu comportamento.
«Nós também estamos numa ‘plataforma a arder’ e temos de decidir como vamos mudar o nosso comportamento», afirma Elop na carta a que o Wall Street Journal teve acesso.
Dirigindo-se aos trabalhadores, o presidente e CEO da Nokia afirma que partilhou com eles nos últimos meses o que ouviu dos accionistas, operadores, desenvolvedores de aplicações, fornecedores e dos próprios trabalhadores da companhia.
Recorrendo à mesma analogia, Stephen Elop diz que a Nokia está numa plataforma a arder em que houve mais de uma explosão, em múltiplos pontos que estão a alimentar um fogo abrasador.
«Por exemplo, há um intenso calor proveniente dos concorrentes, mais rapidamente do que se esperava. A Apple fez uma disrupção no mercado, redefinindo os smartphones e atraindo os desenvolvedores de aplicações para um eco-sistema fechado mas muito poderoso», acrescenta.
O presidente e CEO da Nokia assinala que em 2008 a quota de mercado da Apple nos smartphones da gama de mais de 300 dólares (222 euros ao câmbio de hoje) era em 2008 de 25% e aumentou em 2010 para 61%, sublinhando que a Apple domina hoje a gama alta de smartphones.
Acrescentou que o primeiro iPhone foi produzido em 2007 e a Nokia ainda hoje não tem um produto que fique próximo da experiência que o terminal da Apple proporciona, enquanto o sistema operativo Android, da Google, entrou em cena há dois anos e esta semana retirou a liderança à Nokia em volume de smartphones vendidos (o Android é utilizado em várias marcas, pelo que a Nokia não deixou de ser a marca líder).
Stephen Elop salientou que a Nokia tem no seu interior fontes de inovação brilhantes mas tem um tempo de chegada ao mercado que não é suficientemente rápido.
«Pensavamos que o MeeGo seria a plataforma vencedora para os smartphones de gama alta. Contudo, no fim de 2011 podemos só ter um produto MeeGo no mercado», observou.
Afirmou que para a gama média a Nokia tem o sistema operativo Symbian, que provou não ser competitivo em marcados líderes como o norte americano e que tem problemas no desenvolvimento de funcionalidades que respondam aos cada vez maiores requisitos dos consumidores, o que significa que a Nokia fica cada vez mais para trás, enquanto os concorrentes se adiantam.
O CEO da Nokia sublinhou que a batalha hoje se transferiu para os eco sistemas, em que é importante não só o hardware e software do terminal mas também as aplicações e serviços que disponibilizam.
Stephen Elop questiona-se como foi possível a Nokia está a ir para trás quando o mundo em sua volta evolui e afirma que está a trabalhar para a Nokia dar um passo em frente e que a nova estratégia para reconstruir a liderança e transformar a companhia será anunciada a 11 de Fevereiro (hoje, dia em que a carta aos trabalhadores veio a público).