CE revê em alta crescimento na União Europeia e Zona Euro

Publicado em 13/02/2023 16:21 em Conjuntura Internacional

A Comissão Europeia reviu em alta o crescimento económico de 2023 na União Europeia (para 0,8%) e na Zona Euro (para 0,9%), nas previsões económicas de Inverno 2023, hoje publicadas.

O relatório espera que em 2023 a inflação na União Europeia (UE) fique 6,4% e que na Zona Euro seja de 5,6%, em ambos os casos uma revisão em baixa.

As previsões do Outono apontavam para este ano um crescimento do PIB de 0,3% na UE e na Zona Euro e para uma inflação de 7,0% no conjunto da União e de 6,1% na área do Euro.

Para 2024, o relatório antecipa para a União Europeia um crescimento económico médio de 1,6% e uma inflação de 3,0% e para a zona Euro um acréscimo do PIB de 1,5% e uma inflação de 2,6%.

A Comissão afirma que desde o Outono passado a economia da EU apresentou desenvolvimentos positivos, com o preço do gás a cair para patamares de antes da guerra da Ucrânia, e a economia da União a estagnar no último trimestre, não se confirmando a queda de 0,5% no PIB dos 27, o mercado de trabalho com um comportamento positivo, o desemprego baixo, e uma desaceleração da inflação.

No relatório, a Comissão observa que, apesar de uma desagravamento nos últimos meses, a incerteza das empresas e consumidores continua alta e, se alguns dos riscos identificados anteriormente se esbateram, outros estão a emergir e a ganhar força.

Assinala que, se as ameaças de falta de gás parecem menos sérias do que há alguns meses, ainda não pode ser excluído que, com a continuação das tensões geopolíticas, possa haver aumento dos preços de futuros da energia, nomeadamente porque a reabertura da economia chinesa [após o fim da política Covid zero] pode aumentar a procura de gás natural liquefeito (GNL).

Acrescenta que a adaptação ao aumento das taxas de juro pode tornar-se desafiante num contexto de subida da inflação subjacente (retirando energia e produtos alimentares não transformados), aperto do mercado de trabalho e enfraquecimento da actividade económica.

O relatório indica que, com a continuação do aumento das taxas de juro, as empresas e famílias altamente endividadas podem pressionar o sector bancário e empresas financeiras não bancárias, e alerta para que o aumento dos preços da habitação nalguns Estados da UE nos últimos dois anos pode levar a correcções nesses preços acima do antecipado e a afectar a procura das famílias.

A CE sublinha que, especialmente em 2024, os riscos de aumento da inflação prevalecem se os salários crescerem acima do esperado por um período prolongado.

A Comissão destaca que, depois de ter basicamente estagnado na primeira metade de 2022, a economia mundial melhorou no terceiro trimestre, com um aumento de 1,3% em cadeia, dinamizado pelos Estados Unidos, mas principalmente pela China.

No entanto, a economia da União nos últimos três meses do ano passado voltou a dar sinais de fraqueza, evitando por pouco a contracção económica, que não poupou alguns dos seus membros.

O relatório recorda que o comércio global perdeu dinamismo na última década, desde a crise financeira de 2008, e que não é previsível que recupere rapidamente, mas a União Europeia ficou acima da tendência mundial, particularmente pela integração no comércio global dos novos membros que se juntaram à UE desde 2004 e a sua integração na cadeia de valor manteve-se estável desde 2008.

Observa que múltiplos factores trazem ensombram as perspectivas do comércio global, o que introduz riscos de redução do crescimento económico.

Quanto à União Europeia, os indicadores qualitativos e indicadores avançados apontam para uma melhoria do desempenho da economia da UE no início do ano em curso, com aumento da confiança na indústria, serviços, comércio e consumidores, embora com tendência desfavorável na construção.

A inflação nos 27, medida pelo índice harmonizado, ficou ligeiramente abaixo do esperado no último trimestre de 2022, em resultado de uma evolução dos preços da energia melhor do que antecipado.

A CE prevê que a economia se mantenha estagnada nos primeiros meses de 2023, com uma procura interna desfavorável, devido à manutenção de uma inflação ainda alta, com a inflação subjacente ainda com tendência altista, embora a moderar-se, custos da energia ainda altos e ao aperto da política monetária.

A CE destaca, contudo, que se mantém uma elevada heterogeneidade entre os membros da União Europeia e que desde o início da guerra na Ucrânia se registou um alargamento do fosso de crescimento entre os 2, que se manterá no horizonte de previsão (até 2024).

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