A Comissão Europeia (CE) espera que a economia portuguesa abrande para um crescimento de 1% em 2023 e que a inflação (medida pelo índice harmonizado da União Europeia) baixe de 8,1% em 2022 para 5,4% em 2023 e 2,6% em 2024.
Nas Previsões Económicas de Inverno 2023, hoje publicadas, a CE indica que a previsão para Portugal é que no primeiro trimestre do ano em curso o crescimento se mantenha fraco, com os consumidores e empresas a enfrentarem incertezas quanto a evolução dos preços da energia nos meses de Inverno.
A Comissão espera que a economia melhore nos trimestres seguintes e que atinja em 2024 um crescimento anual de 1,8%, num pressuposto de procura externa mais forte e preços mais favoráveis das matérias-primas.
No relatório geral, a Comissão observa que, apesar de uma desagravamento nos últimos meses, a incerteza das empresas e consumidores continua alta e, se alguns dos riscos identificados anteriormente se esbateram, outros estão a emergir e a ganhar força.
Assinala que, se as ameaças de falta de gás parecem menos sérias do que há alguns meses, ainda não pode ser excluído que, com a continuação das tensões geopolíticas, possa haver aumento dos preços de futuros da energia, nomeadamente porque a reabertura da economia chinesa [após o fim da política Covid zero] pode aumentar a procura de gás natural liquefeito.
Acrescenta que a adaptação ao aumento das taxas de juro pode tornar-se desafiante num contexto de subida da inflação subjacente (excluindo energia e produtos alimentares não transformados), aperto do mercado de trabalho e enfraquecimento da actividade económica.
O relatório indica que, com a continuação do aumento das taxas de juro, as empresas e famílias altamente endividadas podem pressionar o sector bancário e empresas financeiras não bancárias, e alerta para que o aumento dos preços das habitações nalguns Estados da UE nos últimos dois anos pode levar a correcções nesses preços acima do antecipado e afectar a procura das famílias.
A CE sublinha que, especialmente em 2024, os riscos de aumento da inflação prevalecem se os salários crescerem acima do esperado por um período prolongado.