A Comissão Europeia (CE) reviu em alta o desempenho da economia portuguesa este ano, para um crescimento de 5,8%, o mais elevado de toda a União Europeia (UE).
Nas Previsões Económicas de Primavera, a Comissão recorda o crescimento português de 4,9% no ano passado, com recuperação do investimento e das exportações de bens, apesar da recuperação lenta do consumo privado, admitindo que depois de um aumento de 5,8% em 2022 o crescimento do PIB abrande para 2,7% no próximo ano.
A Comissão Europeia antecipa para o ano em curso um crescimento médio de 2,7% tanto na UE como na zona euro, menos de metade daquele que prevê para Portugal, esperando em ambas as zonas um aumento de 2,3% em 2023.
Além de Portugal, a Irlanda é o único país da União Europeia com um crescimento económico superior a 5% este ano (5,4%).
A Comissão indica que a procura interna deverá dar um contributo substancial para o crescimento português em 2022 e 2023, com o investimento a aumentar mais do que o consumo privado, graças ao contributo do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, e o sector externo deverá dar no ano em curso uma contribuição líquida positiva para o crescimento, reflectindo a recuperação da procura turística.
A Comissão espera que no ano em curso as exportações de bens e serviços aumentem12,3% e as importações cresçam 8,6%, com o comércio externo a dar um contributo positivo de 1,3 pontos percentuais para o acréscimo do PIB.
A CE espera que a inflação em Portugal abrande para ficar numa média anual de 4,4% em 2022 e se situar em 1,9% no próximo ano.
A Comissão indica que o cenário base da sua previsão tem riscos que podem levar a uma revisão em baixa, incluindo um agravamento dos preços dos combustíveis além do esperado, com uma maior probabilidade de um cenário de estagflação que afectaria a procura, eventuais disrupções nas importações de gás da Rússia.
Assinala que a guerra Rússia-Ucrânia – a que se junta a política de zero Covid na China -, tem impacto nas disrupções de fornecimentos de matérias-primas e materiais críticos para processos produtivos, cria perturbações nas cadeias globais de valores, intensifica a pressão inflacionista e diminui o comércio internacional.
Observa que houve um aperto das condições financeiras, que se acentuou com a guerra, nomeadamente na União Europeia e em diferentes sectores de mercado.
A CE indica que o euro se desvalorizou 2,1% desde o fim de Janeiro e as taxas de juro de curto e longo prazo deverão aumentar no horizonte de previsão.