Apesar de uma ligeiríssima revisão em alta do INE na queda homóloga do Produto Interno Bruto (PIB) nacional no segundo trimestre, para menos 16,3%, mais 0,2 pontos percentuais (pp) do que na primeira estimativa, o produto português continua a ter o quarto pior desempenho da União Europeia (UE).
Na segunda estimativa rápida, efectuada no prazo de 45 dias após o fim do trimestre (altura em que era anteriormente publicada a primeira), o INE mantém uma queda histórica do produto português que explica por um contributo negativo de menos 11,9 pp da procura interna e uma contribuição de menos 4,4 pp da procura externa.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) adianta que no segundo trimestre a procura interna em Portugal recuou 11,9% face ao mesmo período de 2019, as exportações caíram 39,6% e as importações baixaram 29,7%.
Entre os 20 países da UE que produziram estimativas rápidas para o PIB, a Espanha apresenta a maior descida homóloga, de 22,1%, a França regista um recuo do PIB de 19,0% e a Itália uma queda de 17,3% no produto, 1 pp menos do que Portugal, segundo dados do Departamento de Estatísticas das Comunidades Europeias (Eurostat). O PIB do Reino Unido, que já não integra a União Europeia, caiu 21,7%.
O INE refere que a forte redução nas exportações de bens e serviços é uma consequência da forte contracção da procura turística por não residentes, que afectou as exportações de serviços.
O INE revelou esta sexta-feira que em Junho o número de hóspedes dos alojamentos turísticos nacionais baixou 82,0%, para 493,5 mil hóspedes, e as dormidas baixaram 85,2%, para 1,1 milhões. As dormidas de não residentes recuaram 96,2% e as de residentes caíram 59,7%, amortecendo a dimensão da queda da procura turística.
Os proveitos dos estabelecimentos de alojamento turístico foram de 53,4 milhões de euros, uma queda de 88,5%, com quedas expressivas em todas as regiões, com destaque para a Madeira (menos 98,5%) e para os Açores (menos 96,0%).
Os 16 mercados emissores para Portugal registaram em Junho quedas de dormidas a partir de 92,3%, com destaque para o Reino Unido, o maior emissor para Portugal e com grande peso no turismo algarvio, que registou uma queda de 98,3%.
O organismo estatístico português indica que em Junho estiveram encerrados ou não registaram qualquer movimento hóspedes 46,3% do total de estabelecimentos de alojamento turístico em Portugal.
Em relação a perspectivas para a evolução do PIB português em 2020, mantemos a expectativa de uma queda nunca inferior a 10% (conforme o exercício publicado há duas semanas), mas que poderá ser claramente superior aos 14% em caso de uma segunda vaga da Covid-19 no último trimestre (ou mesmo antes), tendo em conta o que já se passa em Espanha e noutros países.