A Comissão Europeia (CE) espera que o PIB português caia 9,8% este ano, um agravamento de 3,8 pontos percentuais face às Previsões Económicas de Primavera da Comissão, e cresça cerca de 6% no próximo ano.
Nas suas Previsões Económicas de Verão, a CE estima que a riqueza produzida em Portugal no segundo trimestre possa cair 14% em cadeia (face ao primeiro trimestre de 2020), reflectindo fortes contracções na maioria dos indicadores económicos.
A Comissão indica que muitos sectores, como as viagens aéreas e o turismo, deverão manter-se abaixo do nível de 2019 por um período longo e afirma que os riscos da previsão vão no sentido descendente, com as incertezas de médio prazo a continuarem a ser significativas.
Se as previsões da Comissão se confirmassem, isso significaria que em 2021 o PIB português ficaria em termos reais 4,4% abaixo do de 2019.
A CE admite que o Produto caia em média este ano 8,3% na União Europeia (UE) e 8,7% na Zona Euro, que teve uma recessão histórica, com uma recuperação no próximo ano na UE, para um crescimento de 8,3%, e na zona euro, com uma subida de 6,1% do PIB.
A Comissão espera que a economia recupere na segunda metade de 2020, mas reconhece que, dado o nível não habitual de incerteza, as previsões continuam dependentes da verificação de pressupostos críticos, um dos quais é que o alívio das medidas de contenção na UE se mantém e que não há segunda vaga da pandemia, admitindo que as insolvências e perda de emprego se mantêm.
Entre os riscos apontados pela CE, consta a possibilidade de cicatrizes mais permanentes do Covid-19, que induzam um choque económico, e considera também um risco importante para a economia comunitária a eventualidade de não haver um acordo com o Reino Unido até 2021.
Reconhece que continua a haver elevados índices de novas infecções, que estão crescentemente concentrados num conjunto de economias emergentes, em que as infecções cresceram acima do esperado, nos Estados Unidos, onde o número de novos casos acelerou recentemente e nalguns países asiáticos onde se registaram surtos localizados.
Prevê que, depois da forte queda no primeiro semestre, o investimento deverá subir na segunda metade do ano e crescer mais rapidamente em 2021.
Mas a Comissão reconhece que as suas projecções pressupõem que a pandemia atingiu o seu maior impacto no segundo trimestre de 2020 e admite que continue o alívio das medidas de contenção, confiando não haja uma deterioração da situação que requeira a reintrodução de medidas mais restritivas.
Esse risco existe, porque as já implementadas ou anunciadas medidas de relaxamento da contenção podem revelar-se prematuras e levar a uma segunda vaga da pandemia antes que uma vacina ou um tratamento esteja disponível, observa.
As previsões da CE salientam que ainda é impossível antecipar a evolução futura da pandemia e as mudanças estruturais que pode induzir nos comportamentos sociais, no comércio internacional e cadeias de valor globais nas economias avançadas exteriores à União Europeia.