A Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC) foi criada há 35 anos, em Novembro de 1984, hoje o digital mudou o mundo e há gigantes tecnológicos com facturação superior ao PIB de muitos países, indicou Rogério Carapuça, presidente da APDC.
Falando na abertura do Digital Business Congress, nome actual do congresso da APDC, Rogério Carapuça referiu que a Associação foi constituída quando não havia concorrência nos correios e nas telecomunicações e só havia televisão a RTP, apenas quatro anos antes surgiu a televisão a cores, e só três anos depois de aparecer o IBM PC, no mesmo ano em que apareceu o primeiro computador MacIntosh e no ano anterior a ser lançado o sistema multibanco, mas desde então o digital mudou o mundo.
O presidente da APDC assinalou que hoje seis das 10 empresas mais valiosas do mundo são gigantes tecnológicos.
Assinalou que em 2017 a Dinamarca nomeou um embaixador de carreira como embaixador do país junto das grandes empresas tecnológicas, o que revela a importância atribuída ao mundo digital.
A presidente do Congresso, Fátima Barros, salientou que hoje a transformação digital é transversal a todos os sectores da economia e por isso o Congresso vai debater o futuro das indústrias transformadoras, da energia, dos seguros, do comércio, dos media, da governação e, até, a inovação tecnológica no futebol.
Também na abertura do Congresso, Fátima Barros questionou qual o futuro da democracia na era digital, observando que a tecnologia permitiu aumentar a informação, o que favorece a democracia, mas também proporcionou a difusão de «fake news», que põem em causa a democracia. Defendeu que só é possível enfrentar esta ameaça através da educação e da formação do espírito crítico.
A antiga presidente da Autoridade das Comunicações (ANACOM) considerou que precisamos de políticos que entendam a tecnologia e se olharmos para os governos não encontramos pessoas que percebam a tecnologia, mas deverão contar com pessoas assessorá-los que percebam a tecnologia e os seus impactos.
Recordou que a inteligência artificial tem grandes potencialidades mas também pode ter impactos indesejáveis.
Para Fátima Barros, outro desafio é o domínio do mercado pelos gigantes tecnológicos, o que ameaça uma concorrência saudável.