A Google não vai renovar o seu polémico contrato com o Pentágono no âmbito do projecto Maven quando este caducar, em finais de 2019, anunciaram órgãos de comunicação social norte americanos, incluindo o New York Times e o Gizmodo.
Alguns media dos Estados Unidos indicaram que a responsável do negócio cloud da Google, Diane Greene, terá comunicado essa decisão a empregados da empresa.
O denominado Projecto Maven causou indignação entre milhares de trabalhadores da Google que endereçaram uma carta ao presidente executivo, Sundar Pichai, protestando contra o papel da Google num programa que pode ser utilizado para melhorar a eficácia de ataques com drones e que levou mesmo a várias saídas de trabalhadores qualificados da companhia.
A carta, dirigida ao CEO em Abril passado, sublinhava que a Google não deve estar no negócio da guerra e reclamava que a companhia assuma publicamente que a Google e os seus fornecedores não construirão tecnologia bélica.
Os subscritores, em nome da responsabilidade moral e ética da empresa e da ameaça deste acordo com o Pentágono para a sua reputação, reclamavam o cancelamento imediato do projecto e a definição de uma política clara da companhia de que nunca produzirá tecnologia bélica.
O documento recordava a participação da Google no projecto Maven, um motor de vigilância baseado em inteligência artificial, que usa imagens captadas por drones dos Estados Unidos para detectar veículos e outros objectos, seguir os seus movimentos e fornecer resultados ao departamento de defesa.
A carta a Pitchai salientava que a tecnologia está a ser produzida para os militares e uma vez que seja entregue pode facilmente ser usada para ajudar na operação de drones.
«Este plano afectará irreparavelmente a marca Google e a sua capacidade para competir por talentos», acrescentavam os mais de 3 mil subscritores, observando que o argumento de que outras companhias, como a Microsoft ou a Amazon, também têm projectos com a Defesa dos Estados Unidos não diminui o risco para a Google.
Na altura, a Google e o Pentágono disseram que os produtos da companhia não criariam um sistema de armas autónomo que pudesse disparar sem operadores humanos, mas essa informação não calou os protestos dos trabalhadores, que invocaram o lema da companhia «don’t be evil» (não sejas maléfico).