Nível maturidade digital baixo nas empresas portuguesas

Publicado em 24/01/2018 01:39 em Destaques

O nível de maturidade digital é baixo nas empresas portuguesas, de acordo com um inquérito da IDC a decisores de 307 médias e grandes empresas nacionais dos vários sectores de actividade e entrevistas feitas a responsáveis empresariais, estudo efectuado no fim de 2017.

Gabriel Coimbra, director-geral da IDC em Portugal assinalou que uma em cada quatro médias e grandes organizações portuguesas, incluindo a administração pública, resistem ao digital (21% na Europa Ocidental, 7% nos Estados Unidos), enquanto apenas 15% são transformadores digitais (25% nos EUA) e só 4% são disruptivas no digital (5% na Europa Ocidental e 9% nos Estados Unidos).

Gabriel Coimbra revelou que 82% das empresas portuguesas inquiridas estão nos três patamares mais baixos de adopção do digital (dois terços nos Estados Unidos) e só as restantes estão nos dois últimos, sendo de salientar que a Europa Ocidental tem também uma situação bastante mais desfavorável do que os EUA.

No índice de maturidade digital desenvolvido pela IDC, as empresas portuguesas de utilities e energia lideram, seguidas pela banca e com as seguradoras em terceiro lugar, seguindo na cauda da tabela a indústria, com a administração pública na penúltima posição.

A sondagem revela uma evolução muito positiva da confiança das empresas portuguesas na economia entre 2014 e 2018, com as que não confiam a baixarem para menos de um terço em quatro anos (36% em 2014, apenas 11% actualmente) e as que manifestam forte confiança a mais do que duplicarem em quatro anos, de 10% para 22%.

As empresas que esperam um crescimento do negócio mais do que duplicaram desde 2014, de 26% para 54%, e as que esperam uma redução do negócio são 10 vezes menos, ao passarem de 21% para 2%.

Em 2014 havia 28% das empresas que perspectivavam reduzir o emprego e apenas 15% aumentar, situação que se inverteu, com 41% a admitirem agora contratar e apenas 11% a esperaram diminuir postos de trabalho.

O que é coerente com a evolução da opinião das empresas, que em 2014 viam a redução de custos como a sua maior prioridade, objectivo que agora passou para sexto lugar, sendo hoje prioridades a eficiência operacional, seguida do aumento do serviço aos clientes, compliance e inovação de produtos e serviços.

Quase metade (48%) das médias e grandes organizações nacionais prevêem investir mais em tecnologias da informação e comunicações (TIC) para atingir os objectivos de negócio, com máximos na distribuição e retalho (57%) e na energia e utilities (56%).

Mais de dois terços (68%) das empresas nacionais inquiridas colocam a computação na nuvem como uma prioridade de negócio (importante ou muito importante), 44% o negócio social (83% na distribuição e retalho), 42% a Internet das Coisas (IoT), com 88% na energia e utilities, e 27% a inteligência artificial.

Gabriel Coimbra destacou que a robótica apresenta níveis de interesse bastante baixos em Portugal (20% em média a citarem como importante ou muito) e apenas nas indústrias transformadoras tem um nível significativo (42%).

A realidade aumentada e realidade virtual são apontadas como importantes ou muito para os negócios por 19% das empresas, percentagem idêntica à do blockchain, enquanto a impressão 3D apenas é relevada por 13%.

Gabriel Coimbra prevê que em 2021 cerca de 30% do PIB português venha do digital (50% de média mundial), que no próximo ano um quarto das 100 maiores empresas portuguesas tenham completa a estratégia para a transformação digital, que até 2021 duplique a despesa na nuvem e ultrapasse 400 milhões de euros e que em 2019 30% das iniciativas nacionais de transformação digital utilizem inteligência artificial (AI), tal como mais de metade das aplicações empresariais.

A IDC espera, também, que em 2021 as empresas da Europa Ocidental tenham evoluído para arquitecturas híper-ágeis, com 60% a recorreram a plataformas como um serviço (PaaS) na nuvem, e que em 2020 as interfaces humano-digital, se diversificarão e quase metade das aplicações móveis usem voz como interface e um quarto das 100 maiores empresas retalhistas recorram a sensores biométricos para personalizar o serviço.

Prevê que em 2021 pelo menos 15% das maiores empresas portuguesas usem blockchaim como forma de aumentar a confiança digital e que em 2020 um quarto dos maiores bancos, um quinto da indústria e do retalho e15% das organizações de cuidados de saúde recorram a essa tecnologia.

Gabriel Coimbra indicou que em 2020 mais de um terço (35%) das 100 maiores empresas portuguesas obterão receitas com venda de dados e que nos próximos anos haverá um grande incremento no desenvolvimento de novas aplicações por não tecnólogos, com código de baixo nível.

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