A Apple apresentou um recurso de 36 páginasnum tribunal da Califórnia pedindo ao juiz a anulação da ordem para criar um software especial que permita ao FBI ter acesso aos dados do iPhone do autor de um ataque a tiro em São Bernardino.
Segundo a Sophos, o CEO da Apple, Tim Cook, anunciou que a companhia não vai cumprir a ordem judicial.
Cook considera que cumprir essa ordem poria milhões de clientes em risco, minando as funcionalidades de segurança que protegem os utilizadores de iPhones e que visam proteger os utilizadores de cibercriminosos e espionagem governamental.
As autoridades norte-americanas começaram pelo caso do atirador de San Bernardino mas já reconheceram que pretendem violar o conteúdo de, para já, mais uma dúzia de iPhones.
A Apple considera que ceder à pretensão das autoridades policiais do país violaria a constituiçâo dos Estados Unidos e seria um grave precedente.
O iPhone do atirador está protegido por passaword e Farrok, o único que a saberá, está morto.
O FBI quer que a Apple crie um software que lhe permita ultrapassar a palavra passe, mas a Apple, com apoio de muitas empresas norte-americanas de tecnologias, com o a Google ou a Microsoft, defende que isso poria em risco os seus utilizadores pois daria acesso ao conteúdo dos iPhones a qualquer entidade ou pessoa com acesso a esse programa, fosse da polícia, dos serviços secretos ou um cibercriminoso.
A Apple argumenta também que para as versões mais recentes do sistema operativo iOS (versão 8 ou superior), é impossível entrar no conteúdo do telemóvel porque a Apple não armazena a palavra passe ou o ID único usado para criar uma chave de encriptação do dispositivo.
Além disso, quando se introduz 10 vezes uma palavra passe incorrecta o iPhone apaga automaticamente todos os seus dados.
A Apple admite que seria teoricamente possível conseguir ultrapassar essa dificuldade mas isso implicaria pôr as suas equipas de engenharia a trabalhar durante semanas para atingir esse objectivo e poderia ser utilizado por piratas informáticos e governos estrangeiros para acesso ao conteúdo de iPhones, abrindo a caixa de Pandora.
Cook ironizou que se pretende que os engenheiros que criaram uma forte encriptação do iPhone para proteger os utilizadores recebam ordens para enfraquecer essa protecção tornado o uso dos iPhones menos seguro.
O FBI consultou a Apple sobre a possibilidade de aceder à cópia de segurança dos dados que Farook teria na nuvem, mas como os polícias fizeram «reset» à palavra passe para tentarem aceder á nuvem inviabilizaram essa possibilidade.
A legislação norte-americana isenta companhias como a Apple de ajudar o governo quando não tem cópia da chave de encriptação.
No meio de toda esta argumentação, há também uma questão de peso que a Apple não evoca mas que não escapa a quem segue o sector. A marca da maçã tem fortes vendas fora dos Estados Unidos, nomeadamente na China, e as funcionalidades de segurança são um trunfo em todos os países mas particularmente em que os cidadãos temeriam por si se os respectivos governos tivessem fácil acesso aos seus dispositivos.