A famosa Lei de Moore, enunciada em 1965 pelo co-fundador da Intel Gordon Moore e que garantia que a potência dos chips de computador duplicaria a cada dois anos sem aumento significativo do preço, poderá dar, a médio prazo, os últimos suspiros.
Segundo a «MIT Technology Review», William Holt, que lidera a área de tecnologia e fabrico da Intel, líder na produção de microprocessadores, disse na «Solid State Circuits Conference», em San Francisco (Estados Unidos), que a Intel passará proximamente a adoptar novas tecnologias nos seus chips, nomeadamente apostando na eficiência energética.
Segundo a revista, Holt disse que a Intel não sabe ainda que nova tecnologia de chips adoptará mas deverá estar a ser utilizada dentro de quatro a cinco anos.
Indicou duas alternativas possíveis, transístores conhecidos como «tunneling» transístores ou uma tecnologia chamada «spintronics», ambas significando mudanças na forma como os chips são concebidos, desenhados e produzidos.
A revista do MIT destaca, contudo, que as novas tecnologias citadas pelo responsável da Intel não oferecem hoje aumento da velocidade face aos transístores baseados em sílica, o que poderá significar que o desempenho dos processadores deixará de progredir ao ritmo que se tem verificado e que tem mantido a lei de Moore válida há mais de meio século.
Holt previu que a tecnologia actual se manterá algum tempo, quatro ou cinco anos, altura em que os transístores terão um tamanho de apenas 7 nanómetros (7 milionésimos de milímetro).
Acrescenta que os «tunneling» transístores e «spintronics» implicam uma reengenharia completa dos processos de produção da Intel.
A revista observa que a tecnologia actual conseguiu duplicar o desempenho dos processadores a cada dois anos ao mesmo tempo que os tornavam energeticamente mais eficientes, mas as duas novas tecnologias, pelo menos na actual fase de desenvolvimento, não permitem alcançar a mesma velocidade de processamento atingida pela tecnologia de sílica.
Na sua intervenção, William Holt reconheceu que «os melhores progressos tecnológicos que podemos produzir trarão melhorias no consumo de energia mas reduzirão a velocidade».
Esta declaração pode significar que no futuro a Lei de Moore poderá deixar de ser válida, mas o responsável da Intel defende que os ganhos de eficiência energética são mais importantes do que o poder de computação para o que actualmente é exigido dos computadores.
«Particularmente quando olhamos para a Internet das Coisas (IoT, na sigla inglesa) o foco vai mudar dos aumentos de velocidade para fortes reduções no consumo», acrescentou Holt.