Comunicações: redes partilhadas e conteúdos agitam debate do «Estado da Nação»

Publicado em 26/11/2015 00:03 em Destaques

A partilha na construção de infra-estruturas de telecomunicações e uma eventual alteração da estratégia de conteúdos do MEO agitaram hoje o tradicional debate do «Estado da Nação» no Congresso da Comunicações, organizado pela APDC.

Paulo Neves, CEO da PT Portugal, indicou que a PT está a apostar em conteúdos diferenciadores e quer ter os melhores conteúdos para os seus clientes.

Miguel Almeida, CEO da NOS, considerou que os portugueses clientes dos vários operadores têm à sua disposição um leque de conteúdos muito vasto e que não há grande diferenciação nos conteúdos oferecidos pelos vários fornecedores de televisão por subscrição, «há uma diferença mínima».

Mas quando um concorrente diz que quer ter tudo, quer quebrar o equilíbrio que existe hoje, é uma disrupção e «agiremos em conformidade», advertiu Miguel Almeida.

Mário Vaz, presidente da Vodafone Portugal, salientou que a competição no mercado nacional não tem sido através dos conteúdos, mas avisou que mudar esta situação é mudar as regras do jogo e «terá de ter uma resposta à medida».

Considerou que não é bom nem para os produtores de conteúdos nem para os consumidores aumentar os conteúdos exclusivos num pequeno mercado como o português, com quatro milhões de famílias.

Em resposta aos seus concorrentes, Paulo Neves afirmou que cada operador terá a sua política de conteúdos, afirmando que a plataforma MEO tem conteúdos exclusivos, os outros terão os seus.

Paulo Neves repetiu o anúncio de que a empresa passará a cobrir com fibra óptica 5,3 milhões de lares dentro de cinco anos, mais 3 milhões do que actualmente, visando levar a fibra óptica a todos os seus clientes.

A PT tem actualmente em vigor um acordo de partilha com a Vodafone na passagem de mais 900 mil casas com fibra óptica, cabendo a cada operador metade dessa meta, mas Paulo Neves não foi claro sobre se o novo objectivo de infra-estrutura de fibra ficará exclusivamente a cargo da PT, embora tenha deixado subentendido que assim seria.

Afirmou apenas que a PT está disposta a ceder utilização de fibra e utilizar fibra de outros.

O primeiro acordo de partilha de fibra óptica verificou-se entre a Vodafone e a Optimus (que actualmente faz parte da NOS), e chegou a estar prevista a constituição de uma empresa para gestão da rede comum, que não chegou a avançar.

Tanto Mário Vaz como Miguel Almeida manifestaram disponibilidade para colaboração com outros operadores de telecomunicações na implementação de infra estruturas de rede.

Mário Vaz anunciou a expansão da rede de fibra óptica da Vodafone para cobrir mais de 2,75 milhões de casase empresas até ao fim de 2016, contra 2,2 milhões actualmente, num investimento de 125 milhões de euros.

O presidente da Vodafone Portugal observou que a empresa passou de um operador centrado na rede móvel há pouco mais de dois anos para um operador convergente hoje e sublinhou que a Vodafone é aquela que mais cresce na rede fixa.

Em relação à regulação, Mário Vaz apontou a necessidade de garantir que todos os operadores possam oferecer serviços convergentes nas regiões autónomas em concorrência com a PT, para promover a concorrência e a liberdade de escolha dos consumidores.

Miguel Almeida salientou que não faltam infra-estruturas de rede e não falta concorrência, como se pode ver pelo nível de preços, que é dos mais baixos da Europa.

Paulo Neves sublinhou que um «driver» importante para a PT é a inovação e garantiu que a PT Inovação vai continuar a desenvolver aplicações inovadoras para Portugal mas também para todo o grupo Altice.

Francisco de Lacerda, presidente e CEO dos CTT, afirmou que as áreas de crescimento da empresa são as encomendas, também em ligação com o comércio electrónico, e a área financeira, com o próximo lançamento do banco dos CTT, de que se fala há mais de 15 anos.

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