Portugal na segunda metade da tabela índice digital UE

Publicado em 16/03/2015 01:36 em Destaques

Portugal situa-se em 16.º lugar entre os 28 países da União Europeia (UE), com uma pontuação de 0,46, no índice de desenvolvimento digital da economia (IDES), elaborado pela Comissão Europeia (CE).

O IDES é um índice compósito que mede cinco grandes dimensões: conectividade (desenvolvimento e qualidade da infra-estrutura de comunicações), capital humano (que mede as competências para aproveitar as oportunidades da sociedade digital), uso da Internet, integração da economia digital (avalia a integração do digital na actividade das empresas) e serviços públicos digitais (focada particularmente no eGovernment e eSaúde).

O IDES 2015, baseado em dados de 2014, é liderado pela Dinamarca, com um valor próximo de 0,7, seguida da Dinamarca, Holanda e Finlândia, todos acima de 0,6 e que têm também uma posição de liderança mundial no digital.

Na cauda da tabela surge a Roménia, seguindo-se por ordem crescente de classificação a Bulgária, a Grécia, a Itália e a Croácia.

A CE salienta que, em relação ao IDES 2015, os estados membros da UE revelam uma melhoria mas a diferentes ritmos.

Indica que os maiores progressos se registaram na Conectividade (de 0,51 para 0,55 pontos), principalmente devido à evolução positiva na banda larga móvel, mas também nas competências digitais dos cidadãos.

Em termos de países, a Grécia teve a evolução mais positiva, de 0,31 para 0,36 pontos, mas também a Espanha (de 0,44 para 0,49 pontos) e a Bulgária (de 0,29 para 0,33 pontos) apresentaram evoluções significativas, observa a Comissão, destacando o progresso da Espanha por se tratar de um país que já estava acima da média da UE.

Portugal passou de 0,44 pontos no IDES 2014 para 0,46 no IDES 2015, mantendo o 16.º lugar.

Relativamente a Portugal, o relatório destaca a boa cobertura das redes de banda larga, que está disponível para praticamente todas as residências, e a Internet rápida, disponível para 84% das casas.

Portugal manteve o 13º lugar na conectividade, com 0,55 pontos (0,51 no IDES 2014), ficando em quinto lugar nos contratos de banda larga rápida, em sétimo na harmonização do espectro radioeléctrico e na cobertura por redes de nova geração e em oitavo na cobertura de banda larga fixa.

Contudo, ficou em penúltimo lugar nas adesões à banda larga fixa e nas adesões à banda móvel e em antepenúltimo nos preços da banda larga fixa em percentagem do rendimento bruto.

A Comissão assinala que o país tem potencialmente disponível largura de banda acima de 30 megabits por segundo (Mbps) para 84% dos agregados familiares, bem acima da média da UE, mas falta aumentar a adesão à banda larga, tanto fixa, como móvel.

Isto é, os operadores fizeram o seu trabalho, mas a austeridade e crescente empobrecimento dos portugueses remaram em sentido contrário. Os portugueses têm de gastar, em média, 2,8% do seu rendimento bruto (muito maior percentagem do rendimento líquido após o «brutal aumento de impostos»), mais do dobro da média da UE, em que despende 1,3% do rendimento bruto.

Apesar de os preços dos serviços de telecomunicações estarem a baixar em Portugal, a percentagem do rendimento bruto necessário aumentou de 2,4% no IDES 2014 para 2,6% no IDES 2015, tornando clara a evolução descendente do rendimento.

No plano dos serviços públicos disponíveis por Internet, Portugal mantém a sétima posição entre os 28, devido à frequência razoável da sua utilização pelos cidadãos, apesar de a pontuação se ter reduzido de 0,56 pontos no IDES 2014 para 0,55 no IDES 2015.

O país ocupa o segundo lugar na prestação de serviços públicos online, o quinto nos formulários pré-preenchidos, o sétimo na percentagem de cidadãos que utilizam online aqueles serviços, o oitavo no intercâmbio de dados médicos, apresentando o pior desempenho (24.º lugar) nas receitas médicas electrónicas.

Apresenta um desempenho acima da média na integração das tecnologias digitais, área em que subiu do 14.º para o 12.º lugar e aumentou de 0,33 para 0,37 pontos.

Portugal ocupa o segundo lugar na utilização de RFID – Identificação por Radiofrequências (usado, por exemplo, na Via Verde), o sexto na partilha de informações electrónicas entre empresas, o sétimo na utilização de facturas electrónicas e o nono no volume de negócios de comércio electrónico.

Surge pior classificado na percentagem de empresas presentes nas redes sociais (20.º lugar), nas vendas online para o estrangeiro (18.º), na percentagem de empresas presentes na nuvem (17.º) e na percentagem de pequenas e médias empresas (PME) que vendem por Internet (14.ª posição).

Quanto ao capital humano, Portugal manteve a 23.ª posição, apesar de subir de 0,40 para 0,43 pontos entre o penúltimo e o último IDES, ficando 26.º lugar em percentagem de especialistas em tecnologias da informação e comunicação (TIC) empregados, em 24.º nos utilizadores de Internet e em 21.º nas competências básicas digitais, apresar de ficar em sexto lugar em diplomados em ciência, tecnologia engenharia e matemática (CTEM).

A pergunta que se põe é quantos destes diplomados em CTEM emigraram para o estrangeiro para o país estar tão mal classificado nos especialistas em TIC empregados.

Em relação à utilização da Internet, Portugal baixou de 14.º lugar no IDES 2014 para 15.º no IDES 2015, apesar do seu segundo lugar na percentagem de cidadãos nas redes sociais, do quinto nos agregados sociais com televisão por Internet e do sexto no vídeo a pedido.

Mas baixa para 15.º lugar nos cidadãos que lêem notícias na Internet, 16.º nos portugueses que recorrem à Internet para música, vídeo e jogos, 20.º nos que fazem videochamadas e 23.º na percentagem dos que fazem compras por Internet e dos que usam a banca online.

A CE destaca como maior desafio para Portugal melhorar as competências digitais dos seus cidadãos, uma vez que quase metade da população não tem as competências digitais básicas e 30% nunca utilizaram a Internet.

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