A Microsoft e a Nokia anunciaram hoje em comunicado a compra do negócio de telemóveis da Nokia pela Microsoft por 3,79 mil milhões de euros, acrescidos de 1,65 mil milhões de euros por licenciamento de patentes da firma finlandesa.
O comunicado precisa que os 5,44 mil milhões de euros que somam as duas verbas serão pagos em dinheiro.
A Nokia mantém a sua carteira de patentes e licencia a Microsoft para o seu uso (sem exclusividade) por 10 anos e a Nokia mantém o direito de uso das patentes da Microsoft que utiliza nos seu serviço HERE.
A Microsoft tem a opção de prolongar perpetuamente o acordo mútuo de licenciamento entre as duas empresas.
A Microsoft torna-se cliente do serviço HERE por quatro anos, pagando separadamente essa licença, acrescenta o comunicado.
A Nokia indica que tem como objectivo reforçar a sua posição financeira para criar uma base sólida de investimento no negócio que mantém, de equipamentos e soluções para redes de telecomunicações.
Risto Siilasmaa, presidente da Nokia, assume interinamente as funções de CEO, substituindo Stephen Elop, que passa a vice-presidente executivo para o negócio dos dispositivos móveis e deverá posteriormente transitar para a Microsoft.
A Microsoft anuncia que vai montar um centro de dados para a Europa na Finlândia.
O comunicado indica que transitarão para a Microsoft 32 mil trabalhadores da área de negócio dos dispositivos móveis, cujo volume de negócios ascendeu em 2012 a cerca de 14,9 milhões de euros, quase metade da facturação total da companhia finlandesa.
A Nokia anunciou a a convocação de uma Assembleia Geral para 29 de Novembro.
Ian Fogg, analista da consultora IHS, considera que a compra da Nokia é «uma estratégia de alto risco» mas «potencialmente compensadora» para a Microsoft, prevendo que a concorrência no móvel vai endurecer.
Num texto de análise, Fogg concorda com a compra de todo o negócio de telemóveis Nokia e não apenas de smartphones.
A IHS previu que o Windows Phone terá em 2017 uma quota do mercado de smartphones da ordem dos 5%.
Ian Fogg assinala que para evitar essa quota diminuta do Windows Phone, a Microsoft precisa de acelerar a inovação, aumentar a quantidade e qualidade de aplicações de terceiros para o Windows Phone, investir fortemente em marketing e incentivos de canal, desenvolver novas funcionalidades, melhorar as capacidades multitarefas a adoptar processadores «quad-core».
Observa que a mudança para Windows Phone com prejuízo das plataformas Symbian e MeeGo foi uma aposta falhada e as vendas de smartphones da Nokia reduziram-se de 24,2 milhões no primeiro trimestre de 2011 para 6,1 milhões em igual período do ano em curso, pouco mais de um quarto [num período de forte crescimento das vendas de smartphones].
Ian Fogg indica que o preço de 5,4 milhões de euros pago pela Microsoft, muito menos do que os 12,5 mil milhões de dólares (9,5 mil milhões de euros) que o Google pagou pela Motorola, reflecte as dificuldades sentidas pela Nokia.
Não discordando totalmente de Ian Fogg, parece-me ser de salientar a valia que a grande carteira de patentes da Motorola Mobility, que transitaram com a empresa, tinha para a empresa que desenvolve o sistema operativo Android e que foi na altura considerado um dos factores explicativos para a valorização da Motorola Mobility, que também enfrentava algumas dificuldades.