A caminho do fim dos SMS duas décadas depois?

Publicado em 30/03/2013 21:40 em Destaques

A 3 de Dezembro de 1992 o engenheiro da Vodafone Neil Papworth enviou uma mensagem escrita de um computador para um telemóvel, o que é considerado o início dos SMS. Em 1994 a Nokia produziu o primeiro telemóvel capaz de enviar SMS. Duas décadas depois qual o futuro dos SMS?

Muito se tem discutido no sector das comunicações móveis quais as «killer aplications» (aplicações chave, de grande êxito), mas a verdade é que os SMS tiveram um êxito sem precedentes sem que tal tivesse sido inicialmente previsto. Duas décadas depois, com o Internet Messaging móvel e as redes sociais nos telemóveis os SMS estarão a chegar ao fim?

Um estudo da Telecoms.com Intelligence e HAUD Systems tenta dar a resposta a essa interrogação.

Em 2011 os SMS geraram 16% das receitas dos operadores móveis da Europa Ocidental e nesta região conheceram um pico no quarto trimestre desse ano, iniciando a seguir um movimento de ligeiro recuo.

Mas os dados da Informa Telecoms & Media Data Metrics revelam que a nível mundial no segundo trimestre do ano passado o tráfego de SMS cresceu 8,3%, para 2,2 biliões de mensagens.

A Telecoms cita um analista que prevê que as receitas mundiais de SMS cresçam anualmente entre 2012 e 2016 gerando uma receita acumulada de 1 bilião de dólares (780 mil milhões de euros) nesse período de cinco anos.

Entre os segundos trimestres de 2011 e 2012 cerca de 77% dos 266 operadores móveis monitorizados pela Informa Telecoms registaram um aumento do volume de tráfego de SMS. Contudo, verifica-se uma tendência de abrandamento face ao período precedente, em que 83,1% dos 272 operadores monitorizados tiveram um crescimento daquele tráfego.

A Informa Telecoms sublinha que num futuro previsível o tráfego de SMS continuará a assumir uma importância estratégica para os operadores móveis, mesmo que tecnologias de comunicação alternativas ganhem importância e causem alguma erosão no volume de tráfego de SMS.

Tanto mais que os SMS vão hoje muito além da comunicação com familiares e amigos. São também utilizados para publicidade a marcas, envio de «vouchers», divulgação de promoções, aviso de entrega de produtos pelas transportadoras, notificações ou utilizações de segurança, além da entrega de notificações e mensagens entre plataformas empresariais.

O uso de SMS pelas empresas tem-se afirmado por ser um meio fiável e com um custo atractivo, que está disponível e dá fácil acesso a um grande número de pessoas e entidades.

E não esquecer que os SMS, a par com as redes sociais, têm sido um meio privilegiado de convocação de manifestações alternativas, como aconteceu, por exemplo, na chamada «Primavera Árabe», mas também de manifestações de indignados no Ocidente.

A Informa Telecoms assinala que os SMS vão continuar a ser uma importante fonte de receitas para os operadores móveis, mas têm associados riscos como a entrega de SMS originários de entidades que não têm acordos comerciais com a rede de destino e não pagam as tarifas de terminação devidas.

Claire Cassar, CEO da HAUD Systems, assinala que os seus serviços verificaram que, tipicamente, entre 10% e 20% das mensagens SMS recebidas provêm ou de uma fonte que não tem ligação com o operador ou de agregadores que transportam conteúdos de grandes companhias Internet.

A Informa Telecoms salienta que outros riscos são os SMS que induzem os receptores a fazerem chamadas para serviços de valor acrescentado ou mensagens de spam para obter dados pessoais sensíveis.

No entanto, há meios técnicos para evitar as situações referidas e que passam por a rede só aceitar SMS provenientes de terceiras partes identificáveis e que constam de uma lista de parceiros aceites.

O relatório indica que em Espanha, onde os operadores investiram nas tecnologias adequadas, é praticamente impossível fazer a terminação de SMS sem pagar e que os SMS de spam de fontes externas são quase inexistentes.

Em conclusão. O Serviço de Mensagens Curtas («Short Messaging Service) é importante para o volume de negócios dos operadores móveis e continuará no futuro a sê-lo e a utilização de ferramentas adequadas pode evitar a entrada de SMS de terceiros que não pagam tarifas de terminação.

Ainda sem comentários