A Alcatel-Lucent (ALU) apresentou um «core router» (routers principais para redes de telecomunicações, que processam pacotes de dados a grandes velocidades) baseado num chipset inovador desenvolvido pela empresa, «único no mundo», de 400 gigabits por segundo (Gbps), com grande possibilidade de programação e menor consumo de energia, indicou Luís Simões, da Alcatel-Lucent Portugal.
Aquele responsável de vendas da área de telecomunicações disse ao «Falar de Tecnologia» que a ALU fez o desenvolvimento do hardware e software do FP3 «Network Processor Unit» (NPU) 400G, em que se baseiam os «core routers» da família 7950 XRS, que acabou com a dicotomia entre desempenho e programabilidade, aliando num único equipamento a performance com a capacidade de ser programado.
Acrescentou que a maior capacidade é essencial para os fornecedores de serviços Internet (ISP) numa altura de crescimento exponencial do tráfego de dados, em particular com o vídeo e a difusão de dispositivos móveis com acesso à Internet.
Luís Miguel Simões observou que os grandes centros de dados e a computação em nuvem geram também um grande volume de tráfego de dados e são potenciais interessados nos novos routers XRS.
O responsável da Alcatel-Lucent Portugal adiantou ao «Falar de Tecnologia» que o «core» das redes de telecomunicações são áreas onde não se mexe muito e em que os investimentos são de médio e longo prazo, tendo os routers XRS a vantagem de permitirem aumentar a capacidade instalada por adição de novos equipamentos, sem substituir os antigos.
Além disso, constituem uma plataforma com grande flexibilidade e baixo consumo, logo, proporcionam uma maior eficiência operacional, observou.
«A grande vantagem de ter sistemas programáveis é a da mais fácil adaptação a novas necessidades e às exigências de novos serviços», sublinhou Luís Simões.
Precisou que o consumo de energia por gigabit diminui para até um terço do normal noutros equipamentos do mesmo tipo.
A ALU consegue menores consumos porque a concepção dos chips permite que as zonas que em cada momento não estão a ser utilizadas se desliguem automaticamente para poupar energia, além da introdução de outras tecnologias de redução do consumo, acrescentou.
Luís Miguel Simões precisou que para já estão disponíveis os routers XRS 20, com uma capacidade de 16 terabits por segundo (Tbps), com 20 slots com dois chips cada, mas no princípio de 2013 estarão disponíveis os XRS 40, com capacidade de 32 Tbps, que basicamente consistem na junção de dois XRS 20 que funcionam como um só.
Também em 2013 surgirá um router mais compacto, o XRS 16C, com menos slots e uma matriz de comutação menos exigente, com capacidade para 6,4 Tbps, que se destina a zonas com menor densidade de tráfego e que não apresentam um potencial de aumento elevado de tráfego de dados, indicou.
Luís Miguel Simões adiantou que a interface Ethernet para fora do equipamento é no máximo de 100 Gbps mas pretende-se no futuro alcançar 1 Tbps.
Indicou que seria possível teoricamente conseguir placas com 400 Gbps com a tecnologia existente mas isso implicaria ter processadores diferentes a processar a entrada e a saída.
A ALU está preparada para apresentar esta solução logo que esteja disponível a normalização, ainda em fase de desenvolvimento, que depende ainda de standards para os fabricantes especializados que produzem a parte óptica dessa tecnologia, revelou.
Guive Chafai, director de marketing da Alcatel-Lucent Portugal, salientou que no futuro as set-top-box deixarão de ter discos rígidos para gravação e os clientes irão gravar na nuvem, ficando a gravação acessível em qualquer dispositivo, desde computadores a terminais móveis, mais um factor de incremento do tráfego de vídeo.
Adiantou que a Alcatel-Lucent quer investir ainda mais no desenvolvimento de tecnologias na área de IP (protocolo Internet).
Guive Chafai salientou que Portugal é um país bastante inovador nesta área e que dispõe de «um ecossistema de telecomunicações bastante dinâmico».
«Portugal é um país em que não só os consumidores como também as empresas têm bastante apetência pela tecnologia», concluiu Guive Chafai, quadro oriundo da Alcatel, há vários anos a trabalhar em Portugal na área do desenvolvimento de soluções de telecomunicações.