Obama ordenou ciberguerra – diz New York Times

Publicado em 04/06/2012 00:27 em Destaques

O jornal New York Times, citando participantes no programa, afirma que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, desde os seus primeiros meses de mandato ordenou ataques informáticos contra os sistemas de computadores que correm nas fábricas de enriquecimento de urânio do Irão.

O diário norte-americano afirma que Obama decidiu intensificar os ataques informáticos, que começaram no tempo de Bush com o nome de código «Olympic Games» (Jogos Olímpicos), mesmo depois de um erro no programa que acidentalmente no Verão de 2010 levou a que dados da fábrica iraniana de Natanz corressem mundo na Internet.

Os peritos em segurança de computadores que começaram a estudar o «worm» (verme informático) desenvolvido nos Estados Unidos e em Israel deram-lhe um nome: «Stuxnet».

Numa reunião tensa na Casa Branca dias depois da falha do «worm», em que participaram Barack Obama, o vice-presidente Joseph Biden Jr e o então director da CIA Leon Panetta, foi considerado que o mais ambicioso plano dos Estados Unidos para abrandar os esforços nucleares do Irão tinha sido fatalmente comprometido, indica o diário de Nova Iorque.

Citando membros da equipa de segurança presidencial presentes na sala, o jornal observa que Obama perguntou: «Devemos desistir desta coisa?».

Mas, não sendo claro quanto os iranianos sabiam do código, Obama decidiu que os ciberataques deveriam prosseguir, adianta o jornal, observando que nas semanas seguintes Natanz foi atacada com uma nova versão do «worm» que afectou mil das 5 mil centrifugadoras e provocou um atraso no programa nuclear.

Elementos da administração norte-americana estimamque os ataques atrasaram o programa militar iraniano entre um ano e meio e dois anos, mas peritos externos ao governo dos EUA manifestam cepticismo, fazendo notar que o programa nuclear do Irão recuperou.

O Irão inicialmente negou o ataque do «Stuxnet», depois disse que tinha contido o ataque e no ano passado anunciou a criação de uma unidade militar especializada preparada para combater os inimigos no ciberespaço.

O governo dos Estados Unidos só recentemente admitiu que desenvolve ciberarmas mas nunca admitiu que as usou.

As fontes do jornal dizem que Obama estava preocupado com a possibilidade de vir a conhecido que os Estados Unidos estavam a utilizar ciberarmas, porque isso poderia permitir que outros países, terroristas ou «hackers» utilizassem o facto para justificar os seus próprios ataques.

O New York Times revela que a iniciativa «Olympic Games» data de 2006, quando George Bush era presidente dos EUA, numa altura em que os Estados Unidos tinham pouca credibilidade nas acusações ao Irão depois de terem atacado o Iraque sob o pretexto falso de que Saddam Hussein estaria a reconstituir o seu programa nuclear para fins militares.

O New York Times diz que os ciberataques dos Estados Unidos não se limitaram ao Irão, mas aquele país foi o foco dos atqques, segundo uma fonte a administração norte americana e visou «esmagadoramente um país».

Uma fonte oficial disse ao jornal que foi estudada a utilização das ciberarmas contra a Coreia do Norte, para perturbar planos militares chineses, contra a Síria ou contra operações da Al Qaeda.

«Consideramos uma série mais de ataques e fomos em frente», indicou um antigo membro dos serviços secretos dos EUA.

O recentemente descoberto worm «Flame», «Flamer» ou «sKyWiper», detectado pela Equipa de Resposta a Emergências Informáticas do Irão (MAHER) e que estaria em actividade há cerca de cinco anos, foi considerado por empresas de segurança informática escrito na mesma plataforma do «Stuxnet» e com muitas «impressões digitais» do seu código fonte, mas sendo mais sofisticado e complexo.

A Universidade de Tecnologias e Economia, num relatório sobre a análise do «worm» que baptizou de «sKyWiper», considerava que o malware, pela sua complexidade e sofisticação, terá sido desenvolvido por uma agência governamental de um Estado, com orçamento e esforços significativos.

Peritos de empresas de segurança informática consideraram que há «evidências digitais» de um desenvolvimento conjunto pelos Estados Unidos e Israel de ciberarmas como o «Stuxnet» e o «Duqu» e determinaram que as horas de desenvolvimento do «Duqu» coincidiam com a hora local de Jerusalém» e que não havia trabalho de desenvolvimento durante o Sabbath israelita, indica o jornal.

Peritos da empresa de segurança russa Kaspersky afirmam que o «Flame» foi desenvolvido em simultâneo com o «Duqu» e o «Stuxnet», acrescenta.

O New York Times revela que peritos da empresa de segurança informática norte americana Symantec que estudaram o «Flame» disseram que tinha referência a um ficheiro específico associado a um vírus separado, chamado Wiper, que os especialistas do Irão dizem ter apagado no mês passado dados dos discos rígidos do Ministério do Petróleo.

Segundo o jornal, os iranianos foram confundidos pelo facto de não haver dois ataques iguais [o que será explicável pela sofisticação do malware].

O mais espantoso é que um «worm» com uma dimensão de cerca de 20 megabytes como o Flame, o maior «worm» conhecido de sempre, não tenha sido detectado durante anos, devido a uma concepção sofisticada que evitava o seu rastreamento.

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