Os reguladores europeus poderão reabrir o inquérito ao Google Street View depois de conhecido o relatório da «Federal Communications Comission» (FCC) que concluiu que os engenheiros da Google sabiam que o código usado na recolha de imagens acedia a dados pessoais.
Segundo o diário norte-americano New York Times, Jacob Kohnstamm, que preside ao grupo de defesa da privacidade da União Europeia e à autoridade alemã de protecção de dados, muitos reguladores europeus sentem-se ludibriados pela Google neste assunto.
Jacob Kohnstamm pediu uma resposta global forte à Google.
«É altura de as autoridades de protecção de dados em todo mundo trabalharem em conjunto para responsabilizar a companhia», acrescentou.
Os executivos da Google garantiram em 2010 aos responsáveis europeus que a recolha de dados pessoais, ilegal na União Europeia, não era intencional e que decorreu de um trabalho que desconheciam de um engenheiro da companhia, pediram desculpa e afirmaram que tinha sido um erro.
A existência de 600 gigabytes de dados pessoais como e-mails, fotos, históricos de navegação Internet e palavras passe, recolhidos pelos routers WiFi da companhia, foi descoberta em 2010 na Alemanha e desencadeou uma série de investigações na Europa.
O regulador norte-americano FCC divulgou esta semana um relatório que conclui que um engenheiro da Google responsável para redes WiFi sem fios dos carros para recolha de imagens do Street View disse aos colegas já há cinco anos que o código usado recolhia dados pessoais.
O relatório da FCC indica que um trabalhador da Google, identificado apenas como «engenheiro Doe» informou em 2007 e 2008 os colegas sobre a natureza sensível dos dados que estavam a ser recolhidos.
A procuradoria do Connecticut (EUA), que está a liderar uma investigação multi Estados, garantiu através do seu porta-voz, George Jepsen, que a investigação judicial sobre o Street View continua activa, mas a Federal Trade Commission (FTC) dos Estados Unidos já disse que não planeia reabrir o processo, encerrado depois de a Google garantir que os dados tinham sido inadvertidamente recolhidos, indica o jornal.
O New York Times identifica o engenheiro que está no centro desta controvérsia como sendo Marius Milner, observando que reside nos Estados Unidos o que poderá complicar pretensão de investigadores alemães de o ouvirem.
Aquele engenheiro invocou os direitos da Quinta Emenda para se recusar a prestar à FCC declarações que o poderiam incriminar.