A Economist Intelligence Unit, unidade de investigação económica do grupo da revista Economist, prevê que na década em curso continue a acelerar a disrupção tecnológica nos negócios.
O relatório da EIU contraria opiniões que têm defendido que há uma tendência de abrandamento da inovação tecnológica.
Num estudo encomendado pela Ricoh e baseado numa sondagem a executivos, verifica-se que apenas 28% dos inquiridos pensa que há uma estagnação no impacto positivo da inovação tecnológica na produtividade das empresas e a esmagadora maioria (70%) acredita que há um largo campo para melhorar a eficiência operacional das companhias.
O inquérito foi feito a 567 executivos, 43% dos quais de empresas com volume de negócios superior a 500 milhões de dólares (um quinto de companhias com facturação acima de 5 mil milhões de dólares), em Setembro e Outubro de 2011, abrangendo um vasto leque de áreas de actividade económica.
Quase metade (46%) dos respondentes eram executivos séniores, indica a EIU.
Os inquiridos identificaram três grandes tendências no mundo de negócios de amanhã: a aceleração da mudança do poder económico do Ocidente para o Oriente (apontada por metade dos inquiridos), a instabilidade dos mercados financeiros (30%) e o progresso tecnológico (27%).
As mudanças demográficas (22%) e o crescente custo dos recursos energéticos (14%) são outros pontos mais focados.
Os inquiridos apontaram os avanços tecnológicos como a tendência que terá um impacto mais directo na forma como as empresas operam e como se organizam.
Entre as tecnologias com maior impacto, apontaram o «cloud computing» (34%), as ferramentas de análise de dados cada vez mais sofisticadas (26%), as comunicações M2M - máquina para máquina (24%), novos tipos de redes sociais (23%), o desenho de produtos ou serviços pelos clientes (22%) e a combinação do trabalho com dispositivos pessoais (21%).
Num longo relatório, a EIU destaca que, embora haja diferentes pontos de vista sobre a forma como tecnologia impactará as organizações no período que decorre até 2020, houve um largo grau de consenso sobre várias das grandes implicações do desenvolvimento tecnológico nos negócios empresariais.
Entre estes, está a ideia de que a disrupção tecnológica vai continuar e provavelmente acelerar até ao fim da década em curso.
Novos modelos de negócio emergirão dos avanços tecnológicos e as estruturas organizacionais das companhias e a natureza de muitos empregos deverá alterar-se.
Apesar disso, quase quatro em cada 10 (37%) receiam que as suas empresas não acertem o passo com essas mudanças tecnológicas e percam competitividade e mais de um em cada dez (13%) temem mesmo o desaparecimento das respectivas companhias.
Seis em cada 10 executivos (59%) defendem que os sectores de actividade das suas empresas terão em 2020 poucas semelhanças com o que existe hoje, devido às mudanças tecnológicas.
A EIU prevê que haverá menos médias empresas em 2020, porque terão de escolher entre crescer para ganhar escala ou reduzir a dimensão para se tornarem mais rápidas e flexíveis.
Admite, também, uma proliferação das micro-empresas, suportada pelos avanços tecnológicos que permitirão a pequenos negócios actuar como se tivessem maior dimensão.
O crescimento do emprego a acompanhar o crescimento económico pode ser posto em causa devido à automação. Os ganhos de produtividade trazidos pelas tecnologias permitirão às empresas produzir mais com menos recursos, nomeadamente humanos, o que será um claro desafio à criação de postos de trabalho, adverte o documento.
O relatório considera que as ideias dos consumidores vão tornar-se uma importante fonte de inovação e melhoria dos processos de negócio (30% de respostas), à frente das comunidades online (19%) e da I&D - investigação e desenvolvimento (18%), quando actualmente a I&D surge em primeiro lugar para 38% dos inquiridos.
Os inquiridos prevêem que no fim da década as ideias dos consumidores serão quase tão importantes como as ideias dos trabalhadores das empresas para a melhoria dos processos de negócio.
Os gestores interrogados pensam que no fim da década a transparência será maior e as empresas terão maior dificuldade em esconder a fraca qualidade de serviços ou produtos, em praticar preços excessivamente altos ou ter práticas impopulares, à medida que a tecnologia torna essas situações mais visíveis para os consumidores.
A EIU sublinha que na próxima década haverá uma abundância de poder computacional, capacidade de armazenamento de dados e largura de banda com preços decrescentes, disponíveis também através da nuvem.
Os gestores que responderam ao inquérito consideram que os impactos mais positivos da mudança tecnológica serão as mais rápidas reacções dos mercados e clientes (41%), o alargamento da base de clientes para o nível mundial (24%), a simplificação dos processos de negócio (24%), um conhecimento mais profundo dos clientes (23%) e o permitir novos modelos de negócio globais (22%).
Entre os riscos associados à tecnologia, os executivos inquiridos apontaram a maior exposição a quebras de segurança (30%), paralisia por sobrecarga de dados (26%), deterioração do equilíbrio trabalho/vida privada dos empregados (25%), reduzida oportunidade de interacção humana directa com clientes, fornecedores e parceiros (19%), os modelos de negócio tornarem-se obsoletos mais rapidamente (18%) e a redução do papel da intuição humana nas decisões de negócio (16%).
Consideraram que as áreas em que a tecnologia causará maiores alterações serão o serviço aos clientes (39%), as operações e produção (31%), a investigação e desenvolvimento (25%), as vendas e marketing (23%) e a cadeia de fornecimentos (22%).
O relatório da Unidade de Investigação Económica do grupo Economist conclui que as mudanças tecnológicas poderão ameaçar as organizações e os seus trabalhadores, particularmente se os seus processos de negócio, estruturas e cultura de empresa não forem suficientemente flexíveis para se adaptarem, ainda que muitas vejam a disrupção tecnológica como uma oportunidade.
Acrescenta que, para aproveitar as oportunidades de negócio criadas com as mudanças tecnológicas, os processos de negócio e as estruturas das empresas precisam de mudar e apenas as pessoas podem concretizar essa mudança.
E se alguma coisa fizer abrandar a velocidade da mudança, é mais provável que sejam as pessoas do que os limites da inovação tecnológica, adverte a EIU.