«Não censurem a Web» é o título de um post do responsável legal da Google, David Drummond, inserido no blogue oficial da companhia a propósito da acção de hoje de grandes empresas Internet contra legislação em discussão no Congresso dos Estados Unidos.
A legislação, que na Câmara de Representantes é designada por SOPA – Stop Online Piracy Act e no Senado é chamada PIPA – Protect IP Act, pretende dar poderes às autoridades norte-americanas para filtrarem a Internet e bloquearem sites, tanto nos Estados Unidos como no estrangeiro.
Vários observadores têm relacionado estas leis com a recente divulgação de documentos confidenciais norte-americanos pelo WikiLeaks.
No seu texto, Drummond salienta que sabemos que estes poderes são desejados por regimes repressivos de todo o mundo e salienta que o «PIPA & SOPA» não vão deter a pirataria.
Sublinha que os sítios Internet piratas se limitarão a mudar o endereço e continuar a sua actividade criminosa e observa que há formas melhores para combater a pirataria do que pedir às empresas norte-americanas que censurem a Internet.
O protesto, que hoje levou ao luto nos sítios Internet de várias grandes empresas da Web, passou anteriormente por uma «Carta Aberta a Washington» contra aquela legislação subscrita por fundadores ou co-fundadores da Netscape, Google, Twitter, Square, Flickr, Yahoo, LinkedIn, The Huffington Post, You Tube, Internet Archive, Alexa Internet, PayPal, eBay, Wikipedia (e Wikimedia Foundation, que detém a Wikipedia) e Blogger.
Na carta aberta, os subscritores garantem que aquela legislação não vai controlar a pirataria online e vai minar o sistema Web.
Os fundadores de empresas Internet consideram que a aprovação daqueles diplomas daria ao governo dos Estados Unidos poderes de censura semelhantes aos utilizados por governos como o da China, Malásia ou Irão e concluem desejando que as novas gerações de empresários da Internet tenham oportunidades de êxito idênticas às que eles próprios tiveram.
Os protestos passaram ainda por várias posições públicas subscritas online por internautras de todo o mundo.
Entretanto, a edição online do diário norte-americano New York Times afirma que a acção de hoje já está a ter efeitos e que vários legisladores norte-americanos estão a recuar no apoio àquelas iniciativas.
Num artigo de Jonathan Weisman, o New York Times adianta que o senador Marco Rubio, da Florida, uma estrela em ascenção no Partido Republicano, foi o primeiro a anunciar hoje de manhã que não vai continuar a apoiar a legislação de que era um dos patrocinadores.
O senador republicano Orrin Hatch, do Utah, também um dos patrocinadores originais do projecto legislativo, retirou o seu apoio, enquanto o senador republicano do Texas Lamar Smith, presidente do Comité Judiciário do Senado, considerou ser necessário mais tempo para estudar a questão.
Vários outros congressistas, senadores ou representantes, começaram também a demarcar-se da iniciativa no dia em que grandes organizações da Internet de língua inglesa deitaram abaixo os seus sítios ou neles inseriram símbolos de luto e mensagens de protesto.
O New York Times destaca que a lei obrigaria os motores de busca a não apresentarem resultados relativos a sítios classificados como suspeitos de pirataria pelas autoridades norte-americanas, o que tornaria os motores de busca em executores de uma legislação que contestam.
A «PIPA & SOPA» tem estado a ser também combatida por algumas organizações internacionais de defesa da liberdade e dos direitos humanos.