A grande maioria das crianças e jovens (oito a 17 anos de idade) que navegam na Internet já passou por «situações negativas» online, segundo um estudo da marca de software de segurança Norton, do grupo Symantec.
Em apresentação à imprensa, Salvador Tapia, director ibérico da unidade de consumo da Symantec, assinalou que o risco é tanto maior quanto mais tempo as crianças e jovens passam no computador, indicando que 88% entre os que passam mais de 49 horas por semana online já tiveram experiências negativas.
O responsável ibérico da Symantec assinalou que a percentagem de crianças que já enfrentou experiências negativas é dupla nas que estão em redes sociais, quando se compara com as que não acedem a redes sociais.
Enquanto a média das crianças que já passaram por experiências online negativas anda pelos 62%, já tiveram um incidente sério na Internet (como receberem imagens inapropriadas de estranhos serem vítimas de cyberBulling ou cybercrime) quase duas em cada cinco (39%).
Salvador Tapia sublinhou que 77% dos pais disse que punha regras de utilização da Internet aos filhos, sendo a mais frequente a limitação do tempo de utilização (51% dos casos), seguindo-se regras sobre a utilização de sítios Internet seguros (43%). O inquérito revela que só menos de um terço (32%) dos pais utiliza os mecanismos de controlo parental nos computadores utilizados pelos filhos.
O responsável da Symantec assinalou que nas famílias em que os pais estabelecem regras de utilização da Internet, só pouco mais de metade (52%) das crianças que as cumprem tiveram experiências online negativas, percentagem que se eleva para 82% entre as que não cumprem as determinações parentais.
O estudo, baseado num inquérito online realizado em 24 países (Portugal não incluído), com entrevistas a 2 956 pais, 2 379 professores e 4 553 crianças e jovens, revela que um terço das crianças faz compras online, nomeadamente de música, e quase um quarto delas (24%) realiza essas compras sem conhecimento dos pais ou abusando de autorizações que receberam para esse fim.
O estudo indica que um quarto das crianças já descarregou um vírus informático para o computador que utiliza.
As crianças (44%) pensam que recebem muito pouca informação na escola sobre segurança online e 70% dos pais e quatro em cada cinco professores defendem que a escola deveria dar mais formação e informação sobre segurança online aos seus alunos.
Os maiores receios dos pais são de que os seus filhos revelem demasiada informação a estranhos (47%), que os filhos interajam com pessoas inapropriadas (44%) e que as crianças sejam expostas a conteúdos indecentes (44%).
Tapia adiantou que um em cada cinco professores já sofreu ou conhece um docente que já sofreu «cyberbaiting», definido como a colocação em redes sociais de filmagens de incidentes nas aulas que colocam os professores numa situação incómoda, registadas por telemóveis.
Talvez por isso, dois terços dos professores não aceitam pedidos de amizade de alunos em redes sociais, embora o outro terço aceite.
O estudo conclui que as experiências online negativas das crianças e jovens estão a diminuir, embora a percentagem continue demasiado elevada, e que a definição de regras pelos pais diminui os riscos, em particular quando as crianças e jovens cumprem as regras.
O estudo não inclui dados sobre percentagem de pais que tenham dificuldades em acompanhar e controlar a actividade online por falta de conhecimentos informáticos.
No entanto, é de crer que num país com um elevado grau de iliteracia informática esse possa ser um problema relevante para muitas crianças com acesso à Internet, o que reforça a importância de as escolas darem aos seus alunos formação na área da segurança Internet.